Quando falamos de saúde mental em tempos de Pandemia, os transtornos são diversos, inclusive alimentares. Hoje não vim falar de diagnóstico, mas sim abrir espaço para refletirmos: para onde estão caminhando os conceitos de saúde e alimentação?
Comecemos pelo conceito do "comer saudável”, já entre aspas, a fim de flexibilizar seu significado, e os possíveis entendimentos: “É só comer salada”; “É ter foco e fechar a boca”; “É ter força de vontade e preparar marmitas para levar para o trabalho”. Entendo que é muito difícil ver uma pessoa comendo uma bela pizza com molho caseiro, um hambúrguer tipo smash que é o queridinho do momento dos “burgueiros de plantão” ou se lambuzando com um gelatto na mão, e julgar como uma boa ou adequada escolha alimentar.
O que não sabemos é que quando trazemos esse “comer saudável” para a amplitude do comportamento humano, entendemos que talvez essa seja sua alimentação possível, compatível, inclusiva e prazerosa. Isso não significa que não vamos mais comer pensando nos nutrientes, significa apenas que não vamos ditar uma alimentação saudável apenas através deles, compreende? Isso porque existe influência do contexto no qual cada alimento está inserido em nossa rotina alimentar, como cultura, hábitos familiares, forma de preparo, frequência, dentre outros.
Para ampliar nossa mente, teríamos que reformular a nossa sociedade que é pautada na ditadura da beleza e da magreza e por isso fica a missão quase impossível: combater os “foco, força e fé” postados livremente e diariamente como mantra da longevidade, barriga tanquinho e sucesso na vida profissional. O que sugiro refletirmos hoje é: quão sustentável para a sua saúde mental são as suas escolhas alimentares e estilo de vida, porque se para sustentar o corpo que tem hoje você precisa abrir mão da sua autonomia, sanidade ou liberdade, você está vivendo uma prisão inafiançável que chamamos de "comer transtornado".
No próximo post vou falar mais sobre os Transtornos Alimentares, até lá ;)
